quinta-feira, julho 10, 2008

Lisbonense uma tragédia evitável

Em questões técnicas nada como dar voz a quem sabe da matéria.Em questões de conservação e restauro de edificios históricos, com indubitável interesse patrimonial, deverá ser dada voz a quem sabe do assunto, o que jamais aconteceu no que diz respeito à responsabilidade atribuída à Câmara Municipal das Caldas da Rainha, como entidade decisora, e à FDO dona da obra e autora do projecto arquitectónico.
É verdade que, infelizmente, tivemos razão. Também é verdade que quem sabe, tecnicamente, do assunto se pronunciou sobre esta questão, sem que, quer a FDO, quer a CMCR, lhe tivessem prestado a mínima atenção. Refiro-me, evidentemente, ao Engº. Civil Pedro Ribeiro, que num excelente artigo de opinião, publicado na Gazeta das Caldas, no mês de Maio de 2007, referia, de modo fundamentado, os riscos a que o edificio do antigo Hotel Lisbonense estava exposto, nomeadamente "(...) estas paredes do edificio do Hotel Lisbonense estão, no entanto, fragilizadas, porque carecem de toda a estrutura interior que, segundo o relatório, se encontra em estado de ruína.Esta estrutura é constituída por paredes interiores de frontal tecido e de tabique e pavimentos com vigas de madeira e é necessária resistência das paredes para as acções horizontais, como a acção do vento e a acção sísmica.

Estas paredes carecem ainda que seja definida e aplicada uma estrutura de contenção da fachada, cujo projecto deveria fazer parte do projecto de licenciamento de modo a ser possível "avaliar e conhecer com rigor" a sua estabilidade(...)."
Ora, o que se verificou foi o desleixo completo no cumprimento destas condições fundamentais para o sucesso da intervenção em sede de obra: primeiro, demoliu-se uma parede (poente), enfermando irremediavelmente, a sustentabilidade da estrutura; segundo, limpou-se todo o miolo do edificio sem medidas compensatórias de substituição, por certo por ser mais rápido e mais barato, evidentemente; não se apresentou projecto de sustentação de todos os "panos de paredes" mantidas, ou seja, concluindo, criaram-se as condições ideais para que a tragédia que hoje se verificou se tornasse possível.
Concluiu-se, portanto, que não foi por falta de avisos, recomendações, posições públicas e intervenções políticas que aconteceu o que não podia ter acontecido.Foi por teimosia, laxismo e outras razões que a razão desconhece, que sucedeu o triste facto de termos de lamentar um ferido grave, em mais um acidente na obra em questão(a quinta nos últimos tempos), e a perda definitiva do velho Hotel Lisbonense.
Votos de rápidas e efectivas melhoras para o trabalhador acidentado, o menos culpado de toda esta situação.
NB

1 comentário:

Anónimo disse...

Lá se vai metade da obra que a Câmara prepara como trunfo para as próximas autarquicas...

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