segunda-feira, junho 23, 2008

Remodelações, fechos, deslocalizações e não aberturas....




1. Edifício da Rodoviária do Tejo nas Caldas da Rainha

Face às afirmações de Orlando Ferreira, administrador da empresa Rodoviária do Tejo, citadas pela Gazeta das Caldas no dia 6 de Junho de 2008, p.16, afirmações que referiam “O maior problema é que isto não tem condições nenhumas (referindo-se ao edifício da Rodoviária do Tejo nas Caldas da Rainha). A gare é velha, estamos entalados com as oficinas cá dentro e metade disto devia ser deitado abaixo para construir uma estação nova, funcional, com luz, arejada e aproveitando esta boa localização”;
Considerando a qualidade arquitectónica do edifício em referência, reconhecido pelo antigo IGESPAR como um dos edifícios de referência da arquitectura Modernista Portuguesa, conforme a exposição itinerante sobre a arquitectura Moderna Portuguesa que percorreu o território português, da qual constava o exemplar caldense;
Tendo ainda em consideração a importância histórica e a exemplaridade patrimonial do referido edifício, os Vereadores do PS defendem que a CMCR uma atenção especial às alterações que a RT pretende implementar na remodelação e adaptação do edifício, propondo que o mesmo seja classificado como Imóvel de Interesse Público de modo a salvaguardar a sua exemplaridade industrial e comercial, a sua memória histórica, a sua homogeneidade funcional e a sua qualidade estética. O edifício da Rodoviária do Tejo está actualmente classificado como imóvel do inventário municipal, a mesma classificação do Hotel Lisbonense, que não impediu que três das quatro paredes fossem demolidas pela FDO.


2. SECLA

A SECLA, Sociedade de Exportação de Cerâmica Lda - Faianças Artísticas, empresa portuguesa sediada em Caldas da Rainha e uma das principais produtoras de cerâmica tradicional caldense, a maior e também a última das grandes fábricas de cerâmica (louça decorativa) das Caldas da Rainha, prepara-se para fechar as suas portas no dia 30 de Junho devido à falta de encomendas.
Fundada em 1947 nas Caldas da Rainha assumiu na altura uma ruptura com a roda do oleiro em favor de uma produção mais mecanizada. Empresa exportadora, viria a beneficiar do crescimento económico na Europa do pós-guerra (e mais tarde de uma continuada relação comercial com os Estados Unidos), enveredando por uma produção em massa, mas sem descurar uma forte aposta na inovação que a levou a contratar artistas cerâmicos de renome como Júlio Pomar, José Aurélio, Hansi Stael, António Quadros, Ian Hird e Ferreira da Silva, Herculano Elias. Foi uma das primeiras empresas portuguesas a apostar no design, numa altura em que esse conceito era mal conhecido no nosso país.
Nos anos setenta a empresa vê aumentar as suas encomendas para o Norte da Europa, o que a leva a ampliar as suas instalações com a construção de uma nova fábrica. Em 1990, emprega 700 pessoas e produz anualmente 12 milhões de peças. Dez anos depois, está a vender 90 por cento da sua produção para o estrangeiro e é a primeira empresa portuguesa exportadora de louças decorativas e uma das maiores à escala mundial.
A Secla assumiu-se, em Portugal, como o principal centro de produção cerâmica dita contemporânea, ensaiada por artistas plásticos em peças únicas de autor ou praticada por ceramistas interessados em renovar a produção tradicional, a partir de uma produção costumada local, destacando-se a actividade de Hansi Stäel, de origem húngara, que começou a colaborar com a Secla em 1950, ao mesmo tempo que se associava ao escultor e ceramista alemão Hein Semke. Thomaz de Mello (Tom), pioneiro do design nacional, é outra presença saliente, tal como o escultor José Aurélio, que dirigiu o sector artístico da Secla entre 1958 e 1966. António Quadros colaborou com o Estúdio no início da sua carreira (59-60), mostrando uma linha de produção corrente denominada de «preto e verde», pratos decorativos em que usou a sua figuração fantasista e ainda outras peças que revelam interesse pelos barristas populares. José Santa-Bárbara colaborou em 1962-64, numa direcção de design que não veio a ser explorada. De referir ainda a actividade de Jorge Vieira e Santiago Areal, Júlio Pomar e Alice Jorge e, evidentemente, os artistas caldenses Luís Ferreira da Silva e Herculano Elias, longamente associados à produção fabril da Secla.
Perante a importância histórica, patrimonial e artística da Fábrica Secla e o seu contributo para a afirmação da História das Caldas e, face ao anunciado encerramento da sua produção cerâmica importa questionar o Executivo Caldense sobre as seguintes questões:
1) qual o ponto de situação relativamente ao anunciado encerramento da Fábrica Secla;
2) se, relativamente à Empresa Secla, a CMCR vai dar o mesmo tratamento, nomeadamente para a salvaguarda do seu Património Artístico e Arquitectónico, dado, recentemente, à Fábrica de Faianças Rafael Bordalo Pinheiro;
3) que futuro está reservado para o Património Edificado da Fábrica Secla, nomeadamente os edifícios da antiga fábrica, situados junto ao futuro Centro Comercial Vivaci em construção pela empresa FDO;
4) que planos existem, ou não, para a concretização do antigo projecto de criação do Museu da Secla;

O Partido Socialista é adepto incondicional da defesa e afirmação da matriz história das Caldas da Rainha, a qual encontra na produção cerâmica artística uma das suas mais representativas marcas identitárias. Nesse sentido defende a intervenção do executivo camarário na perspectiva da defesa e salvaguarda dessa matriz, pugnando pela criação das condições necessárias para a salvaguarda, defesa e valorização do primado patrimonial e artístico caldense.

3. Makewise

Os Vereadores do Partido Socialista manifestam preocupação pela intenção de deslocalização de mais uma empresa de tecnologias de informação para o Município de Óbidos. Depois da Janela Digital, a empresa Makewise divulgou a forte possibilidade de se transferir para o Parque Tecnológico de Óbidos por não existirem “no concelho infra-estruturas criadas de raiz para albergar este género de empresas tecnológicas” e porque “ desde o início o município obidense acreditou nas potencialidades desta empresa e têm trabalhado com eles nos seus portais. Quando iniciaram a sua actividade fizeram reuniões com responsáveis dos dois concelhos e só em Óbidos houve interesse no trabalho que desenvolvem, tendo sido escolhidos para a construção de um novo sítio da autarquia. Em Óbidos acreditaram em nós e pudemos demonstrar com trabalho as nossas capacidades”.
Os Vereadores sublinham o facto de se tratar da empresa responsável pelo Oeste Digital, referenciada como caso de êxito na Roteiro da Ciência do Senhor Presidente da República e a desenvolver projectos inovadores de referência nacional. Preocupa-nos que os sinais empresarias do municípios possam ser o encerramento de empresas ou a sua deslocalização, ainda que para um Município vizinho, com o qual deveria existir uma estratégia articulada ao nível do desenvolvimento de projectos empresariais, do turismo e da promoção cultural.

4. PISCINA DE SALIR DO PORTO

Os Vereadores do Partido Socialista solicitaram informação sobre o estado de concretização da obra da Piscina de Salir do Porto, tendo em conta o início da época balnear e as expectativas da população. Os Vereadores do PS sublinham o facto de a Piscina de Salir de Matos ser descoberta, sendo por isso destinada à utilização durante os meses de Verão.

António Galamba
Maria de Jesus Fernandes

Sem comentários: