"Mudança de Hora...."
Ao iniciar os mandatos de Vereadores orientavam-nos um conjunto de princípios que jurámos respeitar e utilizar como referência numa Vereação onde representávamos a minoria de eleitores que acreditou e votou no nosso projecto. Entre esses princípios distinguiam-se a consciência de que o Poder que nos foi confiado não era nosso, era dos cidadãos que em nós tinham votado, e, também, a orientação de que o exercício do mandato deveria ser feito com brio, decoro, honestidade e lealdade para com o nosso País e com o nosso Município.
No momento de aferirmos o nosso desempenho político, ao longo dos últimos quatro anos, podemos afirmar que tais objectivos foram integralmente cumpridos.Com efeito, podemos afirmar que cumprimos zelosamente as nossas obrigações de eleitos locais, lutando pelos princípios políticos que apresentámos aos nossos eleitores, apresentando as nossas propostas, participando no desenvolvimento e implementação das políticas que favoreceram a melhoria da qualidade de vida no concelho, rejeitando e contrariando as políticas que considerámos infaustas para a afirmação das Caldas da Rainha.
Durante todo o mandato recusámos ceder às pressões de grupos, partidos e de outros poderes, pugnando pela defesa da lei e dos princípios ético-políticos da "res publica". Concentrámos a nossa atenção no respeito pelos cidadãos, trabalhando em favor de todos, procurando implementar as boas práticas municipais que dignificassem as Caldas da Rainha e o seu concelho. O nosso padrão, político e cívico, não sofreu qualquer desvio aos princípios orientadores que auto-propusemos no início do mandato: trabalhar para o concelho, elevar o nível de exigência funcional da Câmara Municipal e melhorar a performance social, cientifica, económica e cultural das nossas actividades e valências municipais; trabalhar no sentido de proporcionar, a todos os munícipes, melhor saúde, mais educação, segurança no emprego, transportes urbanos, equipamentos culturais, preservação da memória histórica e patrimonial, melhor saneamento básico, mais espaços verdes, protecção das áreas naturais, melhor planeamento urbano, melhor qualidade de vida e criar condições para a inovação e aposta nas novas indústrias criativas.
No nosso espírito fervilhava a expectativa de que, apesar das contrariedades, era possível construir um futuro melhor e um concelho mais equitativo e mais dinâmico, receptivo à mudança, à criatividade e ao empreendorismo. Na nossa mente sorria a esperança de que, mesmo em minoria, seríamos iguais a nós próprios, fiéis aos princípios e valores do socialismo democrático e do republicanismo.
Ao longo destes últimos quatro anos, muitas reuniões de câmara se realizaram, muitas decisões se tomaram, muitas decisões não se tomaram. Ao longo dos últimos quatro anos, muitas decepções se enfrentaram e muitas oportunidades se sublimaram. Ao longo dos últimos quatros a cidade envelheceu, os mesmos anos que nós envelhecemos, a cidade sofreu, os munícipes coabitaram. Ao longo dos últimos quatro anos, problemas houve que se resolveram, problemas houve que se agravaram. Ao longo dos últimos quatro anos a cidade continuou a espreguiçar-se pelo betão e pela gestão ardilosa dos gestos improvisados ao sabor da corrente e das marés.
Diremos nós, já o dizíamos no inicio do mandato, connosco seria diferente, é verdade, mais verdade agora do que então, porque agora sabemos que estávamos certos, que as propostas eram as adequadas, que os problemas estavam bem identificados e as estratégias eram as ajustadas. Agora sabemos que, na nossa opinião, estaríamos melhor, mais competitivos, mais felizes, porque não? Teríamos melhor qualidade de vida, e uma cidade mais colorida e sem crateras, ou sem “muros”, como referíamos então.
Em Democracia há que aceitar a evidência da verdade e a soberania do voto popular. Em Democracia há que respeitar a vontade da soberania do voto popular, sendo que esse respeito corresponde, não apenas à alternância política, mas também e, principalmente, às práticas da política e dos políticos, devendo essas serem conforme aos princípios da lei e dos princípios ético-políticos da "res publica". Foi por aqui que andámos, sem cedências e com convicção, o que nos leva a concluir que valeu a pena percorrer este caminho, relembrando a célebre frase de W.Churchil de que a Democracia continua a ser "a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas” e enquanto assim for cá estaremos dispostos ao combate e abertos ao futuro.
Caldas da Rainha ,18 de Outubro de 2009
Nicolau Borges
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